quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Meu espelho


     
Era um brechó, desses que vende roupas e objetos usados. Ali se observarmos com cuidado é possível encontrar verdadeiras relíquias. Há quem diz que encontrou em um brechó a lâmpada de Aladim. No meu caso encontrei um singelo espelho.
Uma moldura de madeira elegante, onde podia ver o corpo inteiro. Comprei, oras, estava mesmo precisando de um. Coloquei no meu quarto. Ficou perfeito.
Por um momento me senti a  pessoa com a maior beleza da terra, fiquei com medo, teria Narciso baixado em mim. Mas não era eu, era o espelho, ele me realçava. Por hora me fazendo acreditar, logo duvidar. Eu o exemplo de beleza? Nunca fui! Mas porque eu não seria?
O espelho se tornou minha fixação. Não saia de casa sem ter aquela conversa interna, que parecia ser capaz até de ouvir a resposta. Quem ousaria ter a beleza maior que a minha, isso me ocorreu. E como um sussurro eu ouvi; a sua entiada. Parecia que o espelho havia falado comigo. 
 E na minha cabeça estava claro eu não poderia permitir aquilo. Foi ai que me dei conta, depois que perdi meu filho, nasceu morto. Tentei concentrar em mim e me cuidar. E de um momento para outro eu me vi a ponto de cometer um assassinato.
Foi por isso que eu resolvi te procurar doutor. Eu estou com as mão cortadas porque tive uma briga feia hoje de manhã. O espelho não concordava que eu viesse. E dei um soco nele.          


Cadê minha filha?



- Quem é idiota o suficiente para fazer isso?
Entrou na delegacia e deu dois tiros no peito de um delegado. O homem buscava o culpado da morte da filha.
Um metro e setenta. Carregava um revolver 22. Antes que pudesse virar recebeu dose tiros. Um na nuca e os outros forrou o corpo.
Tudo porque a sua filha não foi encontrada. Logo após sair com o namorado. 
Fez o boletim de ocorrência e nada... Três dias depois a moça apareceu morta em um matagal. Havia sinais de estupro. Saiu em todos os jornais, “moça é morta e violentada por namorado”.
Então enfurecido foi até a delegacia e matou o delegado. Os outros policiais ao ouvir o disparo se levantaram e atiraram em suas costas, antes que pudesse reagir.
- Você deve esta se perguntando, porque ele fez isso? 
Estamos falando de uma cidade pequena, de um advogado que viu a filha sair com o namorado para o sítio de sua família. 
Ele sendo um pai preocupado  olhou da janela e viu a filha sentada com o namorado no banco de trás do carro. Quem dirigia era a o pai do moço. Não havia brigas. Ela gostava  muito dele.
- Conseguiu entender ou eu preciso desenhar... 
Meu marido matou um delegado de policia. Mas pense um pouco ela queria casar com aquele garoto e não havia impressões dele no corpo dela. O garoto o principal suspeito mandou uma carta para mim e suicidou-se. 
Na carta ele disse:
“Não posso matar o culpado de tudo isso, ele mora na minha casa, e eu o chamei de pai”!      
    Deu para entender porque  um homem entra na delegacia de polícia e atira. É isso mesmo...
Eu não  preciso dizer mais nada. Tenham um  bom dia.

Será?

- Ali esta ela, aqui dentro desse asilo ela estará segura. Cada quarto é individual. Ali ela fica e passa a maior parte do tempo escrevendo. Ela diz conhecer uma porção mágica que rejuvenesce.  Perguntei a ela se possuía alguma religião, ela disse ser de uma seita onde as pessoas foram capazes de descobrir a receita da imortalidade.
- E o senhor acreditou nisso doutor? Se tratando de uma idosa, que mal pode andar. Parece-me ser uma alucinação clara.
- Isso costuma ser normal para a idade. A criação de uma nova realidade. Mas veja bem, ela descreveu um fato que aconteceu em 1922. Em um pequeno Hotel na Ucrânia. Havia uma mulher que carregava sua neta aparentava ter setenta anos e seus cabelos eram prateados quando chegou ao estabelecimento. Sua pele flácida. Quando ela saiu à criança estava com o cabelo bem curto e ela bem mais jovem e seus cabelos pretos. Alegou ter sido maquiagem.
- E o que isso tem haver com a minha avó doutor? Como a história de uma velha pode ter ligação com minha avó.
- Presta atenção, na lógica quem um dia aparentou setenta anos em 1922 não pode esta vivo em 2020. Eu sei que a mulher carregava uma medalha do marido que lutara na primeira guerra mundial. Era o melhor amigo do meu avô Josef era o nome gravado no objeto, que ficava pendurado por uma corrente.
- Olha doutor confesso que o senhor esta me cansando. Vai dizer que a minha avó carrega essa medalha? Doutor isso não tem a menor lógica. A medalha pode ser da mãe ou avó dela sei lá.
- É verdade onde eu estava com a cabeça, por um momento cogitei a possibilidade de acreditar em contos de fadas. Que loucura, além de tudo aquela mulher teve parte da orelha cortada e nenhuma formula faz os membros crescerem, assim, contou o meu avô. Venha temos uns papéis para você assinar.  

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Matheus Nachtergaele

Matheus Nachtergaele
Ingressou na carreira artística aos 20 anos no teatro, a convite de uma amiga fez um teste para a companhia do diretor teatral Antunes Filho e foi aprovado, em 1989. Aos 22 anos, entrou para a Escola de Arte Dramática da USP, se formando em 91. Ganhou notoriedade em 1992 com a companhia Teatro da Vertigem, sob a direção de Antonio Araújo, e teve seu trabalho reconhecido por sua atuação no premiado espetáculo da companhia Livro de Jó.[1]
Seu sucesso o levou à televisão (Rede Globo), onde estreou na minissérie Hilda Furacão como Cintura Fina. O sucesso na minissérie o levou a atuação como protagonista na também minissérie que se tornou filme O Auto da Compadecida, baseado na obra de Ariano Suassuna, no papel de João Grilo. Atuação essa que lhe rendeu o Grande Prêmio do Cinema Nacional como Melhor Ator. Desde então, tem feito inúmeras participações no cinema nacional e, no ano de 2008 estreou como diretor sem nunca ter deixado de lado o teatro e a televisão. Atualmente, mora em Tiradentes (Minas Gerais)